Caros ATMeenses,
Encontrei o paraíso... É verdade!! Enquanto não nos mudamos para lá, convido-vos a viajar na vossa imaginação...
«[...] Ainda não tínhamos andado muito, quando deparámos com um rio em cujo leito corria um vinho extremamente parecido com o de Quios. A corrente era caudalosa e profunda, de tal modo que, em certos lugares, poderia mesmo ser navegável. [...]
Ora, tendo resolvido descobrir onde nascia o rio, fui subindo ao longo da margem, não encontrando qualquer nascente, mas sim muitas e enormes videiras, carregadas de cachos; junto à raiz de cada uma, escorria um fio de vinho transparente - fios esses donde se formava o rio. Também podíamos ver nele muitos peixes, de cor e gosto muito semelhantes a vinho. Então pescámos alguns e comemo-los, com o que ficámos embriagados. É certo que, tendo-os aberto, os achámos cheios de mosto. Mais tarde, tivemos a ideia de os misturar com outros peixes, os de água, a fim de destemperarmos a comida avinhada em excesso.
Foi então que, tendo passado o rio onde havia vau, descobrimos algo de muito espantoso que se passava com as videiras: da parte que saía da terra, o tronco propriamente era vigoroso e grosso, enquanto na parte de cima eram mulheres, com todas as partes completas das ancas para cima. [...] Da ponta dos dedos nasciam-lhes ramos, que estavam carregados de cachos. Além disso possuíam uma farta cabeleira de gavinhas, parras e cachos. Quando nos aproximámos, não paravam de nos cumprimentar e saudar [...] e beijavam-nos na boca. Aquele que era beijado ficava imediatamente embriagado e cambaleante. Contudo, não nos deixavam colher qualquer fruto, mas antes gemiam de dor e gritavam, se lhes arrancavam algum. Outras manifestavam mesmo desejos de se unir a nós, e aconteceu que dois dos nossos companheiros, tendo-se chegado a elas, já não eram capazes de se libertar, pois ficaram presos pelas partes viris. E de facto, cresciam juntos e criavam raízes em comum, e já mesmo lhes nasciam ramos nas pontas dos dedos; ficavam entrelaçados nas gavinhas e, em pouco tempo, estavam eles próprios aptos a dar fruto. [...]»
Luciano (125-190 d.C.), Uma História Verídica.
Bebam como se não houvesse amanhã...
Saudações Dionisíacas e ATMeenses*