Os Estatutos

Caros Amigos:


Foi com grande satisfação que ao folhear o livro Pinhel Falcão me deparei com a existência de uma antiga associação de alcoólicos, que fixava um conjunto de obrigações e condições especiais a cada novo associado, bem como a obrigatoriedade de decorar uma oração (adaptação do «Credo»).




Apesar de estes estatutos serem já conhecidos por muitos de vós, dado que foram adoptados pelo próprio ATM (com algumas alterações), não podia deixar de partilhar com todos os nossos visitantes.

Obrigações:

I. Nunca rejeitar a «carga»;

II. Socorrer qualquer «irmão» que se encontre cambaleando ou dando cotoveladas nos muros ou em quem passa;

III. Recusar água a toda a gente;

IV. Proibido expressamente comer uvas e bem assim consentir que as comam ou que as estraguem;

V. Todas as «receitas» de ½ litro para cima, devem ser bebidas só de um fôlego;

VI. Não fazer uso de águas medicinais ou quaisquer outras;

VII. Todos os sócios são obrigados a beber, só bebidas nacionais e estrangeiras.

Condições Especiais:

a) Olhos inflamados e ramelados;

b) Rosto cor de camarão;

c) Nariz cor de cenoura em forma de torneira;

d) Barba de cor de borras de vinho.

Multas a pagar:

1.ª Ausentar-se da associação quando se beba: um ano de prisão

2.ª Abandonar um «camarada» atordoado: 10 anos de trabalhos forçados

3.ª Vomitar e não beber mais: expulsão

4.ª Quebrar uma garrafa cheia: 33 anos de deportação

5.ª Sofrer sede tendo dinheiro no bolso: 20 anos de trabalhos forçados

6.ª Entornar um copo cheio: 6 anos de prisão

7.ª Dizer mal dos que bebem: 15 anos a pão e água

8.ª Não fazer continência a uma pipa cheia: 15 anos de trabalhos forçados

9.ª Jurar não beber mais: pena de morte

10.ª Beber um copo por duas vezes: paga de multa 1 litro pela primeira vez e demissão pela segunda.

Todo o «sócio» no acto da inscrição terá que pagar um copo aos seus consócios, ler estes «Estatutos», e bem assim decorar a seguinte oração:

Credo:

Creio no álcool a trinta e seis graus todo poderoso e criador de formidáveis carraspanas; creio na aguardente sua filha e minha esposa predilecta, a qual foi concebida por obra e graça do alambique, nasceu do puríssimo «bagaço» e padeceu sob o fogo; derramada e sepultada ao terceiro dia surgiu da garrafa e subiu graciosa e triunfante à «caixa dos pirolitos»; escorreu o fundo da caldeira e está no tonel bem arrolhada, estando à mão direita das barbas do «bagaço» de onde há-de vir e alegrar uma grande pândega sem fim, dar vista aos grandes e pequenos, ricos e pobres, ajuizados e malucos, espertalhões e araras, trabalhadores e vagabundos, doutores e burros, frades, virgens e marafonas, santos e diabos. Portanto, creio na repetição da pinga, na santa vindima anual, na comunicação dos «irmãos» do «esgota», nas renovações das pipas vazias e na bebedeira eterna. Amen!

Obrigada a Ilídio Marta pelo testemunho que nos deixou…


Bebam como se não houvesse amanhã…


Saudações dionisíacas e ATMeenses*
Ariadne